Na segunda-feira (24), o Ibovespa apresentou uma queda de 1,36%, encerrando em 125.401 pontos, seu menor nível desde 7 de fevereiro, enquanto a cotação do dólar subiu 0,42%, alcançando R$ 5,75, o maior valor em aproximadamente 10 dias. O mercado financeiro demonstra preocupação com a possibilidade de que o Banco Central precise aumentar a taxa Selic para além dos 15% a fim de conter a inflação.
No Boletim Focus, as previsões para a Selic ao final de 2025 permanecem em 15%, contudo, essa expectativa foi colocada em dúvida diante do clima negativo observado recentemente. A previsão de inflação para 2025 também sofreu ajustes, com o IPCA projetado em 5,65% para este ano, superando a meta estabelecida. A decisão do governo federal de continuar estimulando a economia pode intensificar a inflação e, consequentemente, pressionar a taxa de juros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou otimismo ao assegurar que a economia brasileira apresentará crescimento superior ao esperado em 2025. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, destacou a criação de mais de 100 mil empregos formais em janeiro e reafirmou o comprometimento em gerar empregos de qualidade ao longo do ano. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a intenção de criar uma Medida Provisória (MP) permitindo que trabalhadores demitidos realizem saques do FGTS, mesmo após o saque-aniversário. O tema do saque do FGTS será discutido em uma reunião entre o presidente Lula e centrais sindicais programada para esta terça-feira (25).
Com o fortalecimento da atividade econômica e novas medidas de estímulo, investidores temem que o Banco Central aumente as taxas de juros, superando os 15%, para controlar a inflação.
Nos Estados Unidos, o início da semana nas bolsas foi igualmente tenso, com os investidores aguardando dados sobre inflação, novidades sobre o PIB e balanços financeiros, como o da Nvidia, que serão publicados em breve. As ações da Berkshire Hathaway se destacaram, subindo 4,23% após a divulgação de resultados recordes no quarto trimestre de 2024.
Em relação ao desempenho do mercado brasileiro, os setores que mais sentiram a pressão da alta dos juros futuros foram os de varejo e construção. O Magazine Luiza viu suas ações caírem 5,63%, enquanto a MRV registrou uma queda de 6,79%. As empresas com elevado nível de endividamento também sofreram perdas significativas, como a Cosan, que caiu 4,53%. As gigantes Petrobras e Vale também contribuíram para a queda do Ibovespa, fechando com desvalorizações de 0,70% e 0,91%, respectivamente.
Dentre as quedas mais acentuadas do dia, destacam-se: Iguatemi (-5,82%), Hapvida (-5,51%) e Minerva (-3,96%).
Em contraste, o lado positivo ficou com a Azul, que subiu 4,13% após retornar ao lucro no quarto trimestre de 2024, e a Irani, cujas ações aumentaram 4,02% após o anúncio de dividendos próximos de R$ 0,50 por ação. Outras altas do dia incluíram Embraer (1,54%), BB Seguridade (1,24%) e Gerdau (0,31%).