A recente proposta de Medida Provisória, que visa acabar com a isenção do Imposto de Renda para investimentos em LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) a partir de 2026, já está causando reflexos significativos no mercado. Desde o anúncio, observou-se um aumento acentuado na demanda por esses ativos, resultando em uma compressão expressiva dos spreads. Segundo uma análise realizada pelo Bradesco BBI, o spread dos papéis atrelados ao IPCA registrou uma queda para 1,7 ponto-base em 10 de junho, o menor nível verificado desde o início de 2023. Ao longo da semana, essa diferença manteve-se próxima de 4 bps, enquanto o spread em relação ao CDI permanece cerca de 100 pontos desde março. Esses dados indicam um crescente interesse por ativos isentos, que, por sua vez, causaram uma diminuição no retorno relativo desses investimentos. Apesar da Medida Provisória ainda estar sujeita à aprovação do Congresso, que deve ocorrer em até 120 dias, o mercado já começa a precificar a possível perda desse benefício fiscal. A proposta assegura que os papéis emitidos até o final de 2025 manterão a isenção, alinhando-se ao princípio da anterioridade tributária, o que tem incentivado os investidores a favorecer esses ativos enquanto ainda gozam do benefício. Contudo, Rodrigo Sgavioli, líder de Alocação da XP, alerta que esse movimento pode ser uma antecipação excessiva. Ele sugere que decisões impetuosas podem resultar em investimentos inadequados e reforça a importância de um planejamento cuidadoso. Gabriel Campoy, planejador de patrimônio da XP Private, ecoa essa cautela, enfatizando que ainda há tempo para uma análise mais detalhada do cenário, uma vez que a proposta necessita passar pelo Congresso e não entrará em vigor antes de janeiro de 2026. A crescente procura pode levar muitos investidores a adquirir LCI e LCA simplesmente pela isenção, sem considerar outros elementos importantes como liquidez, prazo e a qualidade do emissor. Sgavioli aponta que isso pode trazer riscos, já que investir em ativos apenas pelo receio da tributação futura pode não ser a estratégia mais prudente. Ele também menciona a necessidade de atenção com fundos como os FI-Infra, que podem incluir ativos tanto isentos quanto tributos, complicando a avaliação da rentabilidade real. Para FIIs e Fiagros, que estão sujeitos a uma taxa de 5% sobre dividendos, é aconselhável buscar gestoras que tenham uma boa estratégia de longo prazo. Em vista do tempo até 2026, especialistas recomendam que investidores utilizem esse período para revisar seu portfólio com atenção, considerando não apenas os benefícios fiscais, mas também a adequação dos ativos ao seu perfil de risco e seus objetivos financeiros. Sgavioli destaca que, apesar das novas alíquotas, investimentos incentivados ainda podem ser vantajosos a longo prazo, contanto que sejam feitas escolhas estratégicas e informadas.
Fonte:https://investidor10.com.br/noticias/fim-da-isencao-de-ir-em-2026-ja-afeta-precos-de-lci-s-e-lca-s-veja-como-se-preparar-113584/