O fundo de pensão Previ, vinculado ao Banco do Brasil, anunciou a venda total de sua participação na BRF, encerrando um relacionamento que perdurou por cerca de três décadas. A decisão foi comunicada recentemente, no contexto de discussões sobre a fusão proposta entre a BRF e a Marfrig.
Desde 1994, a Previ detinha ações da BRF, fruto da fusão entre Sadia e Perdigão, que ocorreu em 2009. Este investimento gerou um retorno substancial ao longo dos anos, com um ganho de 120,30% nos últimos dois anos, superando o Ibovespa, que apresentou crescimento de 14,62% no mesmo período.
No entanto, a perspectiva da fusão entre BRF e Marfrig levou o Previ a reconsiderar sua posição. A fundação expressou preocupações sobre a viabilidade da fusão atrativa para os acionistas, alegando que a proposta de troca de ações não reflete o valor real da BRF, potencialmente prejudicando investidores minoritários. Devido a essas preocupações, a Previ fez uma solicitação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para obter mais esclarecimentos sobre os cálculos utilizados na definição da fusão, resultando no adiamento da assembleia de acionistas que se preparava para deliberar sobre o tema.
A nova data da assembleia foi agendada para 5 de agosto, após um pedido de esclarecimento da CVM. De acordo com a proposta, a Marfrig deverá absorver as ações da BRF, que se tornará assim uma subsidiária da Marfrig, com os acionistas da BRF recebendo ações da nova entidade, chamada MBRF. Além disso, as duas companhias prometeram distribuir dividendos significativos, totalizando mais de R$ 6 bilhões.
Entretanto, ao oficializar sua saída da BRF, a Previ manifestou incertezas sobre o futuro de dividendos na nova empresa. O fundo de pensão destacou que ainda não está certo se a MBRF estabelecerá uma política eficaz de distribuição de lucros ou se as prioridades da nova organização incluirão a gestão de dívidas e sinergias, o que pode atrasar o retorno a seus acionistas.
Diante desse panorama, o Previ decidiu direcionar R$ 1,9 bilhão, que foi obtido com a venda de suas ações da BRF, para a aquisição de títulos do Tesouro Direto. Com os juros ainda elevados e uma inflação resistente, o foco recai sobre a compra de NTN-B, ou Tesouro IPCA+, que oferece juros acima de 7% mais a correção da inflação. Esta estratégia visa aumentar a segurança e os rendimentos do portfólio da Previ, buscando um equilíbrio entre os ativos de renda variável e renda fixa, conforme alinhado em sua política de investimentos.
Fonte:https://investidor10.com.br/noticias/fundo-de-pensao-do-bb-troca-brf-pelo-tesouro-direto-entenda-estrategia-114165/