O investimento é uma escolha pessoal que envolve a definição de um nível de risco que cada indivíduo está disposto a assumir. Entretanto, a orientação principal dos especialistas indica que novos investidores, em especial aqueles que estão apenas começando, devem adotar uma postura mais conservadora, priorizando ativos com menor volatilidade, como os títulos de dívidas.
💭 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) expressou sua preocupação com o crescente número de pequenos investidores que estão se aventurando em ativos mais arriscados. A entidade observou que muitos iniciantes estão optando por investir em produtos como Certificados de Operações Estruturadas (COEs), que envolvem riscos superiores aos habitualizados.
Em uma entrevista ao Valor, João Pedro Nascimento, presidente da CVM, enfatizou essa preocupação e revelou que ações estão sendo implementadas para limitar a oferta de tais produtos a investidores com perfis de risco inadequados. Outro ponto de atenção da autarquia é a comercialização de Contratos por Diferença (CFDs) e Forex para o público em geral, que apresentam alavancagem que excede o padrão aceitável. "É crucial prestar atenção a esse tema, uma vez que investir em produtos não regulamentados que não estão sob a supervisão da CVM representa um risco significativo. Estamos enfrentando obstáculos para alcançar esses investidores. É possível que a CVM implemente iniciativas de conscientização mais rigorosas em relação a esse assunto", comentou.
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A CVM tem planejado modificações nas regras do questionário de suitability, onde os investidores respondem a diversas perguntas sobre seu perfil para as corretoras. Essa mudança poderá aumentar a regulamentação sobre a distribuição de certos produtos financeiros. Contudo, a implementação dessas mudanças ainda depende de consulta pública, portanto, não há um cronograma definido para sua plena aplicação.
"Estamos organizando uma consulta pública sobre o assunto de suitability. O objetivo é revisar o conceito de investidor qualificado e aprender com as lições obtidas nas análises dos resultados regulatórios sobre o tema", revelou João. "Se um investidor não pretende assumir riscos, o formulário que ele preencherá será mais simples do que para aqueles que desejam correr mais riscos. Estamos simplificando o processo de cadastro para esses investidores."
🗣 Durante a entrevista, João também comentou sobre a importância da transparência na remuneração dos assessores de investimentos ao oferecer produtos. Este tópico ganhou destaque recentemente, pois uma regra da CVM assegurou que essas informações sejam mais acessíveis aos investidores. Tal mudança surgiu em resposta ao fato de que muitos assessores recomendavam produtos com base em comissões mais altas, sem considerar adequadamente a estratégia e o perfil dos investidores, particularmente nos casos de grandes instituições financeiras.
"As resoluções 175 e 179 têm como objetivo empoderar os investidores para que possam identificar potenciais conflitos de interesse ao receber recomendações de investimento. A transparência se torna essencial para proteger os investidores", afirmou ele.
"Observamos uma transformação nos métodos de remuneração dos assessores de investimentos, que antes eram compensados por um modelo 'commission-based', recebendo comissões por cada operação realizada. Agora, há uma tendência de profissionais passando para a categoria de consultor de investimentos, adotando o modelo 'fee based', onde recebem uma taxa fixa sobre o valor da carteira do cliente, estabelecendo novas relações comerciais."
Fonte:https://investidor10.com.br/noticias/pequenos-investidores-aumentam-exposicao-ao-risco-e-preocupam-cvm-113574/