De acordo com um recente estudo realizado pelo FGVcef (Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas), os fundos multimercados apresentaram resultados insatisfatórios nos últimos dois anos, com a maioria deles ficando aquém da taxa Selic. A pesquisa analisou 510 fundos disponíveis na bolsa de valores e revelou que 60,2% ofereceram rendimentos inferiores à taxa básica de juros, o CDI.
Um dos principais fatores para esse desempenho decepcionante é a composição dos portfólios, que muitas vezes conta com ativos de renda fixa prefixados. Com o aumento da Selic, a rentabilidade desses fundos ficou ultrapassada.
O estudo também indicou que a estratégia adotada pela maioria dos produtos multimercados previa uma queda nas taxas de juros e na cotação do dólar, o que não se concretizou. Em vez disso, o cenário fiscal se deteriorou desde o ano anterior.
William Eid Júnior, diretor do FGVcef, comentou a situação: "Existem poucos fundos multimercados que se destacam em termos de desempenho, e mesmo esses não apresentam consistência a longo prazo. Quando o real se valoriza, os juros estão baixos e a bolsa de valores se valoriza, esses fundos costumam performar bem. Porém, em cenários adversos, seu desempenho tende a ser negativo. Com a Selic em 15%, é difícil encontrar um fundo multimercado que consiga superar essa taxa."
Por outro lado, os fundos que têm investido em ativos de maior risco, como criptomoedas e ações no exterior, apresentaram melhores resultados. Eid observa: "Os fundos que investem em criptomoedas aparecem com as maiores rentabilidades, mesmo que eu não considere esses investimentos interessantes. Essa performance também se aplica aos fundos que têm exposição ao exterior, especialmente porque a moeda nacional se desvalorizou nesse período."
Diante desse panorama, será que ainda vale a pena investir em fundos multimercados? Os fundos listados na B3 oferecem uma gestão profissional, com o intuito de maximizar os resultados dos investidores. Contudo, diversos fatores podem interferir nos retornos, levando a resultados aquém do esperado.
Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, sugere que, ao invés de investir em um fundo multimercado, um investidor deveria considerar a formação de uma carteira diversificada. Essa diversificação pode ser alcançada por meio de pesquisa aprofundada ou com a orientação de um profissional qualificado. Miraglia destaca: "Esses produtos tentam realizar a alocação ideal, visando um retorno melhor do que o investidor conseguiria individualmente, mas a taxa de administração é de 2% e 20% sobre o que ultrapassar o CDI, o que pode não justificar o investimento."