O cenário atual do mercado de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) passa por uma transformação significativa devido a novas regras estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A previsão é de uma diminuição substancial nas emissões desses instrumentos, impactando direto o setor imobiliário e envolvendo também os fundos de investimento imobiliário (FIIs).
As novas diretrizes, divulgadas em uma reunião do CMN, ampliam as restrições previamente introduzidas em 2024, que, até então, afetavam apenas as companhias abertas. Com as alterações, a limitação se estenderá a empresas privadas e outras entidades que não têm atuação relevante nos setores imobiliário ou agronegócio.
Essas mudanças têm como principal objetivo coibir o uso indevido dos CRIs e CRAs por empresas que fingiam operar nesses segmentos para obter benefícios fiscais. A partir de agora, somente aquelas com comprovação de atividade significativa em um dos setores poderão realizar a emissão desses títulos, independente de seu porte.
O impacto esperado é uma retração nas ofertas que pode ultrapassar R$ 5 bilhões em CRIs e R$ 500 milhões em CRAs. De acordo com Felipe Ribeiro, especialista em investimentos alternativos, essa avaliação é conservadora e pode refletir uma diminuição ainda maior, considerando que muitos dos dados de mercado não são totalmente acessíveis.
Essa restrição no financiamento poderá gerar a redução de projetos imobiliários, resultando em menos papéis disponíveis no mercado. Os investidores de pessoa física, que geralmente buscam diversificação em suas carteiras, serão os mais afetados.
Os FIIs de recebíveis, mais conhecidos como FIIs de papel, também devem enfrentar dificuldades em meio a essa nova realidade. Com a queda na emissão de ativos qualificados, esses fundos poderão ter problemas com a manutenção da diversificação e enfrentar a deterioração da qualidade de suas carteiras ao longo do tempo, além de menos oportunidades para a reciclagem de ativos.
Esses efeitos devem se manifestar gradualmente, à medida que os ativos atuais forem vencendo e precisarem ser substituídos. Mesmo os FIIs que apresentam uma composição de carteira sólida poderão encontrar dificuldades nos ciclos futuros, afetando a capacidade dos investidores de pessoa física de diversificarem eficazmente seus investimentos.
Essas mudanças refletem o compromisso do CMN em promover maior transparência e assegurar que as emissões incentivadas cumpram sua função original, ao mesmo tempo que elevam as exigências regulatórias em um momento em que essas estruturas têm sido utilizadas de maneira ampla por empresas fora do escopo inicialmente previsto para os CRIs e CRAs.
Fonte:https://investidor10.com.br/noticias/cmn-aperta-cerco-aos-cris-e-cras-e-mercado-preve-retracao-bilionaria-nas-emissoes-113176/